COMUNICAÇÃO É TROCA DE EMOÇÃO - Milton Santos

terça-feira, 1 de junho de 2010

[ARTIGO] DIA DO GEÓGRAFO I

Os desafios da profissão de geógrafo

A Geografia como uma ciência que se propõe estudar a relação sociedade e natureza revela-se de fundamental importância no contexto histórico, político e social da humanidade. Assim, o profissional em geografia leva consigo uma riqueza de conhecimentos teóricos e práticos sobre os mais variados processos naturais e formas de compreensão da realidade a partir de uma análise espacial historicamente construída.

Sua formação transcende vários campos e áreas do saber científico através de um arcabouço teórico bem elaborado e articulado com vários métodos. Seu ofício não se restringe à mera operacionalização técnica, pois sua principal ferramenta é o pensar geograficamente correto. Seu desafio não é somente inserir-se no mercado de trabalho por um bom salário, mas preocupar-se com o resultado da sua atuação profissional e o que de fato esta representa no contexto social. Sua luta não é contra os outros profissionais que de alguma forma atuam fazendo o seu trabalho, mas contra a lógica perversa da precarização do trabalho não só da sua categoria profissional em específico.

Sua atuação deve primar pela justiça social quando faz parte da elaboração de relatórios e estudos de impacto ambiental, quando luta pela criação de leis para preservação e conservação do meio ambiente, quando planeja a cidade elaborando planos diretores e zoneamentos urbanos, quando fiscaliza e inspeciona obras irregulares que são de interesses privados, quando faz consultorias e trabalhos técnicos elaborando mapas que georreferenciam desocupações injustas da população, quando faz planejamentos pedagógicos com conteúdo crítico para ministrar suas aulas e realizar aulas de campo.

Estes são princípios que fazem valer nossa ética profissional e que faz dos estudantes desta ciência sonhar com um futuro promissor, cuja realidade é bem diferente daquilo que desenhamos no nosso imaginário estudantil, repleto de boas intenções. Mas temos que realmente saber que não é fácil lutar contra as intempéries políticas já postas, pois existem estruturas já consolidadas quando chegamos. Para isso precisamos ter a certeza daquilo que viemos fazer e para que fazer. Senão, seremos sempre aprendizes daquilo que podemos ensinar e criar.

Para isso, faz-se necessário um esforço por parte de nós profissionais da Geografia, bacharéis e licenciados, geógrafos e professores do ensino básico e universitários para construirmos um papel decisivo na luta pela transformação daquilo que a geografia crítica ainda não conseguiu dissolver, pois o quantitativismo e o ensino decoreba resistem em meio ao processo de renovação da nossa ciência. Portanto, cabe a nós mudarmos esta realidade não só através da criticidade do pensamento científico, mas do nosso engajamento político profissional. Este é nosso legado e nossa missão.

MARIANA FERNANDES MENDES
Geógrafa, mestre em Geografia, professora da Uece e diretora da Associação dos Geógrafos Brasileiros & Seção Fortaleza

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