COMUNICAÇÃO É TROCA DE EMOÇÃO - Milton Santos

terça-feira, 22 de junho de 2010

AGB FORTALEZA - ENG

Geógrafos e simpatizantes,

Estamos enviando aqui o convite para monitoria ENG. Algumas dúvidas
frequentes:

Precisa estar inscrito no ENG? não, não precisa. Precisa ser associado de
alguma seção local da AGB para solicitar certificado de monitoria;
Precisa 'trabalhar" todos os dias? Não, tu trabalha os turnos que tu puder
trabalhar. O importante é aproveitar o encontro.
E alimentação e alojamento? A alimentação está garantida para os turno
"trabalhados" , alojamento é normal, somente para quem estvier inscrito..
Até quando preciso me inscrever? até os 46 minutos do segundo tempo!
O que precisa? Preencher a ficha de inscrição (abaixo do convite) e enviar
para: monitoria-eng2010@ agb.org.br
Para entrar no Yahoo Grupos: monitoria_eng_ 2010-subscribe@ yahoogrupos. com.br

Peço por favor que repassem para suas listas!

Grande abraço e até o ENG!!!!

Convite à monitoria do XVI ENG.

Entre os dias 25 de julho a 31 de julho de 2010 ocorrerá o XVI Encontro
Nacional de Geógrafos, na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. É com
imenso prazer que a Associação dos Geógrafos Brasileiros, através da Seção
Local Porto Alegre, convida todos e todas para participação ativa no ENG. O
tema deste ENG será “Crise, Práxis e

Autonomia: Espaços de Resistência e de Esperança”.

Acreditamos que a participação no encontro não pode ser uma participação

fragmentada, acreditamos que o papel do monitor é tão importante quanto a
participação dos conferencistas. Por isso, o convite à monitoria está aberto
a todos agebeanos, de todas as seções locais, professores, doutores,
bacharéis, estudantes da graduação e da pós-graduação que acreditam que a
participação no encontro vai além do papel de espectador, que acreditem que
podemos construir um encontro nosso, conjuntamente. Vale ressaltar que
acreditamos que a participação não pode ser fragmentada tanto no encontro
“pronto”, como na construção do Encontro e da AGB.

Assim, o convite para fazer parte da Monitoria no XVI ENG está feito. A
tarefa principal

é contribuir para que o encontro funcione de forma orgânica, sem que os

monitores se transformem em funcionários que acabam precisando abrir mão

de participar das atividades do ENG para que isso ocorra.

Achamos que um outro tipo de Monitoria é possível.

As atividades necessárias são: viabilizar a programação do encontro (abrindo
as salas, checando se existe material de apoio para apresentação,
conversando com os debatedores, etc), auxiliar na estrutura de cada evento
(verificar se há água e café para os participantes, ter informações sobre
horários) e buscar informações pertinentes para sanar problemas dos
participantes. O Monitor fará parte do encontro numa espécie de Brigada, em
que todos se colocam à disposição para ajudar e para

discutir o que pode e deve ser feito.

Escolherá sua participação nas atividades, prioritariamente, por seu gosto

pessoal e desejo acadêmico. Ou seja, é o próprio Monitor quem escolherá a
atividade em que irá ajudar. E durante a realização dessas atividades o
Monitor terá total liberdade para assistir ao debate, fazer suas anotações e
perguntas, como qualquer outro encontrista. Ele só terá de se deslocar
daquele local caso ocorra algo que esteja

prejudicando a realização daquela atividade.

Infelizmente a identificação se faz necessária (ainda por definir), mesmo
que alguns participantes enxerguem os Monitores como empregados da
organização do encontro, o que esperamos que não se realize, pois a relação
não é de consumo. Também terão garantidas suas refeições nos dias em que
participarem como Monitores das atividades – a intenção é ter um grupo
grande de Monitores e, por conta disso, nem todos precisarão exercer a
função em todos os dias do encontro, muito pelo contrário.

Não será oferecida isenção na inscrição dos Monitores, pois não é uma
relação de troca que queremos. Também não vamos terceirizar a organização. A
intenção é simplesmente encontrar um grupo grande de pessoas que se sintam à
vontade para ajudar na construção do ENG, sem que elas tenham de receber
algo em troca – nem sejam cobradas depois por isso, como se prestassem um
serviço.

Para que tudo isso dê certo, é muito importante uma organização prévia e
muitas conversas antes da realização do ENG. Também serão feitos um
calendário de atividades e uma divisão prévia por gostos pessoais da
atividade em que cada um irá ajudar. Para isso, formamos uma pequena
comissão de monitoria, a partir da Seção Porto Alegre, para poder
sistematizar melhor nossas demandas. Não idealizamos o melhor encontro do
mundo, mas sim o melhor encontro possível, desde que as pessoas se sintam
parte do encontro, responsáveis por ele, e, ao mesmo tempo e por causa
disso, queiram aproveitar ao máximo as atividades que estão sendo
realizadas. Acreditamos que é uma

relação de responsabilidade e até paixão por aquilo que fazemos.

E aí, com certeza, será o melhor encontro do mundo!

Comissão de monitoria

AGB – Seção Porto Alegre

*Ficha de inscrição para monitoria*

*Nome completo: *

*Seção local:*

*E-mail:*

*Sócio na AGB e Inscrito no ENG?*

( ) Sim ( ) Não

*Apresenta trabalho?*

( ) Sim ( ) Não

*Caso sim, eixo de apresentação?*

*Podes ser monitor na sala em quem apresentarás teu trabalho? *

( ) sim ( ) Não

*Vegetariano? *

( ) sim ( ) Não

*Tamanho da camiseta (P M G):*

*Disponibilidade para atuar como monitor: (marque com “X” o turno
disponível)*

Domingo

Segunda

Terça

Quarta

Quinta

Sexta

Sábado

Manhã

Tarde

Noite

--
Renata Ferreira da Silveira
Geografia/UFRGS
Geografia/USP

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sábado, 19 de junho de 2010

ÉLISÉE RECLUS - A EVOLUÇÃO, A REVOLUÇÃO E O IDEAL ANARQUISTA

ÉLISÉE RECLUS


A EVOLUÇÃO, A REVOLUÇÃO E O IDEAL ANARQUISTA


Ente nós, revolucionários, um fenômeno análogo deve realizar-se; nós também devemos conseguir compreender com perfeita retidão e sinceridade todas as idéias daqueles que combatemos; devemos fazê-las nossa, mas para dar-lhes seu verdadeiro sentido. Todos os raciocínios de nossos interlocutores, retardados pelas teorias ultrapassadas, classificam-se naturalmente em seu verdadeiro lugar, no passado, não no futuro. Eles pertencem à filosofia da história”. (RECLUS. 2002. p. 41).


A evolução é movimento infinito de tudo o que existe, a transformação incessante do Universo e de todas as suas partes desde as origens eternas e durante o infinito dos tempos. As vias lácteas que surgem nos espaços sem limites, que se condensam e se dissolvem durante os milhões e os bilhões de séculos, as estrelas, os astros que nascem, que se agregam e morrem, nosso turbilhão solar com seu astro central, seus planetas e suas luas, e, nos limites estreitos de nosso pequeno globo terráqueo, as montanhas que surgem e desaparecem de novo, os oceanos que se formam para em seguida secar, os rios que se vê formar nos vales, depois secar como o orvalho da manhã, as gerações das plantas, dos animais e dos homens que se sucedem, e nossos milhões de vidas imperceptíveis, do homem ao mosquito, tudo isto nada mais é senão um fenômeno da grande evolução, arrastando todas as coisas em seu turbilhão sem fim”. “Em comparação com este fato primordial da evolução e da vida universal, o que são todos estes pequenos acontecimentos denominados revoluções: astronômicas, geológicas ou revoluções políticas? Vibrações quase insensíveis, aparências, poder-se-ia dizer. É por miríades e miríades que as revoluções se sucedem na evolução universal; mas, por mínima que sejam, elas fazem parte deste movimento infinito”.


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O mundo atual se divide em dois campos:

aqueles que agem de maneira a manter a desigualdade e a pobreza, isso é, a obediência e a miséria para os outros, as fruições e o poder para eles mesmos;

e aqueles que reivindicam para todos o bem-estar e a livre iniciativa.

Na grande família da humanidade, a fome não é unicamente o resultado de um crime coletivo, é ainda um absurdo, pois os produtos ultrapassam duas vezes as necessidades de consumo.

Tendo a evolução econômica contemporânea justificando-nos plenamente em nossa reivindicação de pão, resta saber se ela justifica-nos igualmente em outro domínio de nosso ideal, a reivindicação de liberdade.

Nem só de pão vive o homem’, diz um velho provérbio, que permanecerá sempre verdadeiro, a menos que o homem regresse à pura existência vegetativa.

Mas qual é, então, está substância alimentar indispensável fora o alimento material?

A Igreja de todos os cleros prega-nos que é a ‘Palavra de Deus’;

O Estado determina-nos que é a ‘Obediência às Leis.

Esse alimento que desenvolve a mentalidade e a moralidade humanas é o ‘fruto da ciência do bem e do mal, que a mitologia greco-judaico-cristã e de todas as religiões que deles derivam nos proíbe, como alimento venenoso por excelência, como peçonha moral viciando todas as coisas, e, até mesmo, ‘a terceira geração’, a descendência daquele que a provou!

Aprender.

Eis o crime segundo a Igreja, o crime segundo o Estado, o que quer que possam imaginar padres e agentes de governo que absorveram, apesar disso, esses germes de heresia.

Aprender.

Ai está, ao contrário, a virtude por excelência para o individuo livre, desligando-se de toda autoridade divina ou humana: ele rejeita igualmente aqueles que, em nome de uma ‘Razão suprema’, arrogam-s o direito de pensar e falar por outrem, e aquele que, em nome da vontade do Estado, impõem leis, uma pretensa moral exterior, codificada e definitiva.

Pensar, falar, agir livremente’ em todas as coisas. O ideal da sociedade futura, em contraste com a sociedade atual, define-se da maneira mais clara! De uma só vez o evolucionista, tornando-se revolucionário, separa-se de toda a igreja dogmática, de todo corpo estatutário, de todo agrupamento político de clausulas obrigatórias, de toda associação, publica ou secreta, na qual o societário deve começar por aceitar sob pena de traição, ordens incontestes.

Assim o homem que quer realmente desenvolver-se como ser moral deve defender exatamente o contrário do que recomendam a Igreja e o Estado: ele deve pensar, falar, agir livremente. Estas são as condições indispensáveis de todo o progresso. A plena e absoluta liberdade de exprimir seu pensamento em todas as coisas, ciência, política, moral, sem outra reserva alem daquela de seu respeito por outrem”. (RECLUS. 2002).


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ÉLISÉE RECLUS - Eminente geógrafo, intelectual e anarquista francês. Nasceu em 15 de março de 1830. Filho de um pastor protestante estudou na Universidade em Montauban e Berlin. Em 1864 conheceu M. A. Bakunin, de quem se tornaria amigo e companheiro até à morte, sendo o orador no seu sepultamento. Sendo já um reconhecido geógrafo, participou ativamente da Comuna de Paris de 1871. Aprisionado, foi condenado a degredo, mas um amplo movimento internacional, reunindo intelectuais de vários países, conseguiu que a pena fosse comutada em expulsão para a Suíça. Viajou por todo o mundo, durante o trabalho de pesquisa que fez para preparar a Nova Geografia Universal, aproveitando esse fato para estabelecer contatos com os núcleos anarquistas dos países por onde passava. Esteve em Portugal nos anos de 1886 e 1887 tendo incentivado os primeiros grupos anarquistas a se organizarem de forma autônoma e, em 1893, esteve no Brasil, Uruguai, Argentina e Chile. No ano seguinte participou da fundação da Universidade Livre de Bruxelas onde seria professor. Tal como seus outros irmãos, em particular o fourierista e libertário Élie Reclus, Élisée foi um dos expoentes intelectuais do anarquismo do século XIX. Suas obras O Homem e a Terra e A Montanha, tal como muitas de suas reflexões nos seus textos geográficos, que o tornaram um dos fundadores da moderna geografia humana, são exemplos de uma visão precursora da ecologia. De sua autoria foi publicado no Rio de Janeiro, em 1900, Estados Unidos do Brasil, o capítulo da Nova Geografia Universal referente ao país. Destaca-se ainda seu livro Evolução, Revolução e Ideal Anarquista. Morreu em Bruxelas a 4 de julho de 1905.


RECLUS, Élisée. A evolução, a revolução e o ideal anarquista. Imaginário. São Paulo. 2002. 131p.


PS.:

1) Aos discípulos de Platão e Iluministas de plantão que sonham diuturnamente com uma ‘elite intelectual’ no Poder (estilo ‘vanguarda’ marxista-leninista), por favor, aqui falamos de evolução como ‘movimento infinito de tudo o que existe’ e de miríades e miríades derevoluções que se sucedem na evolução universal. “Utilizar-se de fuzis, baionetas e canhões” conforme transcreveu, de Marx-Engels, Lênin em seu opúsculo O Estado e a Revolução à página 77 não é senão – justamente – opor-se a (r)evolução??? Vsevolod Mikailovitc Eichenbaum (Volin) – um dos fundadores do primeiro soviet livre em 1905 – argumenta corroborado, hoje, pela História do século XX, que a retirada de “todo poder aos soviet” foi um desserviço, um crime contra a evolução. (VOLIN. 1980. A revolução desconhecida [1]).

2) Um argumento de Camus que pode ajudar no entendimento da história da primeira metade do século XX: “O escravo, na verdade, não está ligado a sua condição, ele quer mudá-la. Ele pode, portanto educar-se, ao contrário do senhor; o que se denomina história não é mais que a seqüência de seus longos esforços para obter a liberdade real. (...) A história identifica-se, portanto, com a história do trabalhado e da revolta. Não é de admirar que o marxismo-leninismo-[stalinismo, acrescento] tenha tirado dessa dialética o ideal contemporâneo do soldado-operário”. (CAMUS, Albert. O homem revoltado. 6ª ed. Record. Rio de Janeiro. 2005. 351p)...Soldado-operário como sabemos, leitor amigo, é o antípoda do homem revoltado... aquele que, em Camus, “(...) cria a verdadeira revolta que é, por sua vez, criadora de valores”. (CAMUS. 2005. p. 203).

3) Falemos de O homem revoltado camusiano... revolta, evolução-revolução não é uma outra história... em uma outra oportunidade... obrigado pela paciência e por ter conseguido chegar até aqui...

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terça-feira, 15 de junho de 2010

EDITAL PROFESSOR EFETIVO - UVA

BAIXE O EDITAL DO CONCURSO PARA PROFESSOR EFETIVO DA UVA.

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sexta-feira, 11 de junho de 2010

NOTÍCIAS CCH

NOTÍCIAS DO CCH


  • Informamos que a partir de hoje, com a chegada de um novo bolsista, o Laboratório de Informática passará a funcionar nos seguintes horários e dias: 08h às 11h, 14h às 17h e 18h30 às 21h30, de segunda a sexta-feira.

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quarta-feira, 2 de junho de 2010

RESULTADO DAS ELEIÇÕES

o CAGEO-UEVA anuncia a chapa vitoriosa:


CHAPA 1: “Mudar o pensar para pensar o mudar”

Eduardo Marques

(Coordenador Geral)
Hortência Rodrigues

(Coordenador de Arquivos e Secretaria)

Diógenes Catunda

(Coordenador de Finanças)

Gilton Viana

(Coordenador de Assuntos Estudantis Político-Socioculturais)

Domingos Sávio

(Coordenador de Saúde, Esportes, Comunicação.)

André Ivo Moura

(Coordenador de Formação)

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terça-feira, 1 de junho de 2010

[ARTIGO] DIA DO GEÓGRAFO IV

A luta dos geógrafos
Na década de 1930, o Brasil entrou num intenso processo histórico de organização do trabalho industrial, iniciando-se com a quebra do domínio das oligarquias da cafeicultura paulista e da pecuária mineira. Abria-se um novo conduto para a industrialização, ao tempo em que o mundo era abalado pela forte crise do sistema capitalismo, com o enfraquecimento do poder de compra dos países centrais. Era o momento de o Brasil produzir o que lhe convinha. Para tanto, era necessário conhecer as riquezas e o vasto território, preparar e fortalecer a força-de-trabalho, melhorar ou instalar as infra-estruturas urbanas e de comunicação. Assim, governo e setor privado voltam-se às grandes tarefas de instalar cursos, aprimorar as escolas, implantar melhorias nas cidades, construir unidades produtivas, mobilizar a população brasileira para a grande tarefa de por em funcionamento um novo sistema produtivo.

Institucionaliza-se e instala-se a grande Universidade de São Paulo, cria-se o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), regulamenta-se a fiscalização do trabalho técnico, de agrônomos, de arquitetos, de engenheiros e de técnicos de nível médio. A partir dessa dinâmica nacional, grupos de geógrafos do Rio de Janeiro e de São Paulo organizam a Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB), voltando-se ao conhecimento da realidade do espaço nacional, através de jornadas, visitas, círculos de debates sobre as condições do território. Diríamos que era um curso de geografia peripatético. À medida que se criavam cursos de geografia em outros centros urbanos, logo brotavam sessões da AGB. Podemos afirmar que a AGB era a primeira escola de formação de quadro profissional de geógrafos conscientes da concretude do País. Emergem, dessa prática, destacados nomes da literatura geográfica brasileira, como Manuel Correia, Aziz Ab-Saber, Milton Santos e outros que enriquecem essa ciência no País.

Nos centros com poucos profissionais, nasciam núcleos dependentes da sessão mais próxima. Essa era a realidade de Fortaleza, até a década de 1970. As atividades realizadas na capital do Ceará, em nome da AGB, se faziam com o aval da Sessão de Recife. É em Fortaleza que se realizará o III Encontro Nacional de Geógrafos em 1978, promovido pela AGB, quando têm início grandes mudanças no Estatuto da entidade, possibilitando o surgimento da Sessão em Fortaleza, em 1979. A partir desse momento, os geógrafos do Ceará se enquadrariam numa atividade de ricos debates da ciência e das questões locais e nacionais, abertas à participação de todos, não apenas dos profissionais com diplomas.

Em 1979, o governo disciplina a profissão de geógrafo estabelecendo o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) como órgão de fiscalização do exercício da profissão. Assim, os geógrafos conquistaram lugar nesse Conselho. A AGB tratou de ocupar esse espaço, mas não se enquadrou nas exigências legais por ser uma entidade aberta, não restrita só a bacharéis. Nasce, do movimento dos que estavam registrados no Crea, a Associação dos Profissionais da Geografia em alguns estados. Na década de 90, é oficializada a Associação Profissional dos Geógrafos do Estado do Ceará. Isso se faria necessário dada a carga de reivindicações específicas dos trabalhadores da Geografia. O Crea não tem a competência de defender as categorias nele registradas, responsabilidade de sindicatos e associações de cada conjunto de trabalhadores.

Nesse dia 29 de maio, dia da criação do IBGE, todos os estudantes de Geografia, profissionais, licenciados ou bacharéis, todos nós que vivenciamos a ciência que se volta a conhecer a produção e organização do espaço, morada de todos os homens, celebramos as lutas de hoje e de ontem, firmando sua continuidade em defesa de um ambiente sadio, dos direitos plenos a todos os cidadãos, do campo e da cidade, a viverem em solidariedade.

LUIZ CRUZ LIMA
Geógrafo. professor emérito da Uece e conselheiro titular do Crea-CE

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[ARTIGO] DIA DO GEÓGRAFO III

Possibilidades de contribuição

A Geografia, enquanto ciência, indiscutivelmente traz enraizada em seu bojo ontológico as contraditórias relações sociedade-natureza, mesmo quando ainda existem profissionais, professores e estudantes que tentem fugir disso. As cidades, como locais com maior realização das trocas mercantis, são essencialmente os lugares mais contraditórios: como consolidação deste fato, em forma oposicionista, de um lado há a aliança em torno do desenvolvimento econômico urbano e, de outro, as lutas pela melhor qualidade do bem viver, em meio às diárias lutas pela sobrevivência.

As transformações na cidade ocorrem cotidiana e diariamente, a cada passar de segundos, ao passo de novas intervenções urbanísticas & a mudança das formas & e ao passo dos hábitos que se recriam ou se perpetuam & a mudança dos conteúdos. As modificações a que se assiste são verdadeiros choques no padrão urbano, enquanto que os conteúdos acabam mantendo uma ideologia de dominação, de reprodução de um modo de vida. Desse modo, a essência das novas formas acaba mantendo relações de poder.

Uma nova perspectiva de transformação dos conteúdos da cidade encontra-se no contexto da reivindicação popular, que neste quesito trouxe grandes contribuições na esfera política nacional, traçando mecanismos que viabilizem a reforma urbana, mesmo que por via institucional, como a criação do Estatuto da Cidade em 2001, do Ministério das Cidades em 2003, do Conselho das Cidades em 2004 e, principalmente, o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS) e o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS) em 2005. Este sistema, aliás, e de seu fundo correspondente são proposições de leis dos movimentos populares e visam ser o principal instrumento de garantia a habitação para população de baixa renda.

A partir da consolidação do Conselho Nacional da Cidade, estados e municípios, compulsoriamente e buscando novos recursos, vêm instalando seus conselhos de cidade, cuja composição e construção ainda atravessam dificuldades, além de não ser um espaço com poder deliberativo. Ademais, no Ceará, não se vê ainda um Conselho Municipal ativamente funcionando. Nesta semana última, ocorreu a posse dos conselheiros estaduais da cidade; em Fortaleza, a efetivação do Conselho Municipal da Cidade depende de questões jurídicas e políticas e, em Brasília, de 19 a 22 de junho, ocorrerá a formação da nova gestão do Conselho Nacional da Cidade. Em ambos os casos, a Associação de Geógrafos Brasileiros (AGB) tem garantido a participação, elegendo conselheiros no Ceará e possivelmente em Fortaleza, como também sendo uma entidade propositiva na construção de uma política nacional de desenvolvimento urbano.

A AGB-Fortaleza, em meio à construção, discussão e participação destes espaços, se propõe a fomentar contribuições por uma cidade mais democrática, fazendo-se valer de seus princípios estatutários, bem como na convergência de forças com os movimentos populares, sendo exemplo a participação no Comitê Popular da Copa 2014.

Inserida nesse contexto, a AGB-Fortaleza dispõe à participação social o Grupo de Trabalho de Urbana, um mecanismo de aprofundamento teórico, conhecimento empírico e concreto e mobilização política acerca das questões inerentes à cidade, como, além da moradia de interesse social, a política nacional de desenvolvimento urbano e a Copa 2014 na capital cearense, temas como a mobilidade urbana, a reestruturação espacial, a crescente expansão da periurbanização combinada à expansão do mercado imobiliário e da vulnerabilidade socioambiental, entre outras pautas que a dinâmica social urbana venha a revelar. Pode ser um instrumento relativamente pequeno este GT de Urbana, mas sua essência e seu objetivo assumem grandeza utópica: o confronto com a crise urbana.

FELIPE SILVEIRA DE MORAES PEREIRA
Bacharel em Geografia e pesquisador da ONG Cearah Periferia

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[ARTIGO] DIA DO GEÓGRAFO II

Educação geográfica
As comemorações do Dia do Geógrafo e do Professor não se encontram jamais nas mesmas fases do ano. Isso não impõe qualquer problema, quando sabemos lidar com as múltiplas dimensões de nossa realidade profissional. Sejam advindas de conquistas tecnológicas e científicas ou de catástrofes pela ausência de planejamento adequado. Não é o caso da Geografia, como a mais ambientalista das Ciências Humanas; por conseguinte, isso não vale também para o profissional geógrafo. Mesmo diante de toda sua capacidade de articular processos territoriais, em diferentes escalas e representações. E quando constatamos que muitos desses geógrafos continuam isolados, apenas ensinando geografia, temos a exata medida do desperdício profissional.

Mas devemos comemorar & e envolver a sociedade civil & cientes de que o profissional de Geografia precisa reapresentar-se como professor, pesquisador e planejador. Para tanto, é crucial tornar sua atuação um exercício pleno de Educação Geográfica. Algo bem distinto do mero ensino de Geografia, com seus discursos globais, mecanicamente expostos em raras aulas semanais. Isto quando há professor e paciência para suportar a rotina.

Não podemos desconsiderar a importância da disciplina Geografia na formação básica dos jovens e adultos. Pesquisadores da Geografia Escolar & de Pierre Mombeig a Lucia Amorim Soares (entre tantos) & foram decisivos na demarcação de diretrizes curriculares que tornaram indispensáveis a licenciatura e o bacharel desse profissional. Entretanto, as transformações socioespaciais nos lançam o desafio da insuficiência; não da carga de aulas semanais, mas da visão geográfica de outros profissionais. Administradores, técnicos, comerciários, servidores ao concluírem sua formação básica sem um mínimo de horas na disciplina Geografia. Mas será que a Educação Geográfica aprendida carrega mais a influência das aulas ou do espaço cotidiano? Mesmo em festa, tendemos a confirmar a segunda opção. E por quê?

Uma hipótese é de ordem político-econômica, frente os limitados investimentos em escolarização. Mas se considerarmos os vantajosos indicadores educacionais dos últimos 15 anos, bem como a qualificação dos sistemas de avaliação (vide o novo Enem), conclui-se que a Geografia nunca foi tão fortalecida como disciplina e conhecimento interdisciplinar. O enfraquecimento, contudo, fica evidente em muitas frentes. A violência urbana dos lugares segregados; a ausência de serviços básicos no interior; o esvaziamento dos movimentos sociais e crescimento de ``tribos`` descompromissadas; a explosão do consumismo e seus impactos ambientais, etc. Ninguém afirma ter aprendido tais absurdos pelo ensino de geografia. Mas também não nega sua inoperância. E isso é duro de aceitar; principalmente quando nos comprometemos geograficamente com o que fazemos em sala de aula.

Outra hipótese mais promissora dá-se no campo político-metodológico. Uma educação geográfica, capaz de projetar valores ambientais e patrimoniais, além das práticas de sala de aula, deve conduzir uma renovação do professor de Geografia como agente local. É possível trabalhar o enfrentamento de tais problemas, conforme a ampliação da atuação dos professores no que chamamos de planejamento geográfico escolar. Trata-se da valorização da docência em sua capacidade de atuar e intervir nos destinos do bairro (comunidade ou região). Um educador de Geografia que articule o espaço escolar a outras instituições; às que educam, tanto quanto a escola. A Educação Geográfica precisa vencer o frágil ensino de Geografia ainda reinante. Oxalá os mais de 300 professores aprovados no último concurso de Geografia, no Estado do Ceará, estejam predispostos a atuar como agentes dessa Educação Geográfica, de fato e de direito.

CHRISTIAN DENNYS MONTEIRO DE OLIVEIRA
Coord. do curso de Geografia da UFC e autor de ``Sentidos da Geografia Escolar``

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[ARTIGO] DIA DO GEÓGRAFO I

Os desafios da profissão de geógrafo

A Geografia como uma ciência que se propõe estudar a relação sociedade e natureza revela-se de fundamental importância no contexto histórico, político e social da humanidade. Assim, o profissional em geografia leva consigo uma riqueza de conhecimentos teóricos e práticos sobre os mais variados processos naturais e formas de compreensão da realidade a partir de uma análise espacial historicamente construída.

Sua formação transcende vários campos e áreas do saber científico através de um arcabouço teórico bem elaborado e articulado com vários métodos. Seu ofício não se restringe à mera operacionalização técnica, pois sua principal ferramenta é o pensar geograficamente correto. Seu desafio não é somente inserir-se no mercado de trabalho por um bom salário, mas preocupar-se com o resultado da sua atuação profissional e o que de fato esta representa no contexto social. Sua luta não é contra os outros profissionais que de alguma forma atuam fazendo o seu trabalho, mas contra a lógica perversa da precarização do trabalho não só da sua categoria profissional em específico.

Sua atuação deve primar pela justiça social quando faz parte da elaboração de relatórios e estudos de impacto ambiental, quando luta pela criação de leis para preservação e conservação do meio ambiente, quando planeja a cidade elaborando planos diretores e zoneamentos urbanos, quando fiscaliza e inspeciona obras irregulares que são de interesses privados, quando faz consultorias e trabalhos técnicos elaborando mapas que georreferenciam desocupações injustas da população, quando faz planejamentos pedagógicos com conteúdo crítico para ministrar suas aulas e realizar aulas de campo.

Estes são princípios que fazem valer nossa ética profissional e que faz dos estudantes desta ciência sonhar com um futuro promissor, cuja realidade é bem diferente daquilo que desenhamos no nosso imaginário estudantil, repleto de boas intenções. Mas temos que realmente saber que não é fácil lutar contra as intempéries políticas já postas, pois existem estruturas já consolidadas quando chegamos. Para isso precisamos ter a certeza daquilo que viemos fazer e para que fazer. Senão, seremos sempre aprendizes daquilo que podemos ensinar e criar.

Para isso, faz-se necessário um esforço por parte de nós profissionais da Geografia, bacharéis e licenciados, geógrafos e professores do ensino básico e universitários para construirmos um papel decisivo na luta pela transformação daquilo que a geografia crítica ainda não conseguiu dissolver, pois o quantitativismo e o ensino decoreba resistem em meio ao processo de renovação da nossa ciência. Portanto, cabe a nós mudarmos esta realidade não só através da criticidade do pensamento científico, mas do nosso engajamento político profissional. Este é nosso legado e nossa missão.

MARIANA FERNANDES MENDES
Geógrafa, mestre em Geografia, professora da Uece e diretora da Associação dos Geógrafos Brasileiros & Seção Fortaleza

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